Este tema veio-me à cabeça num dia em que estava a ler uma notícia sobre um projeto que o Município de Bragança criou, Projeto Bragança - Liberdade para Recomeçar, que convidou quatro famílias que pudessem trabalhar de forma remota durante um mês para o seu município com alojamento gratuito e com todas as comodidades para garantir qualidade de vida e a possibilidade de trabalhar remotamente.
Sendo natural do interior do país, este tema é me bastante
próximo porque é bom ver que se cria incentivos para se contrariar o êxodo
rural. Como sempre vi no interior uma forma de viver diferente, onde me sinto
bem e onde a qualidade de vida é muito superior à qualidade de vida das grandes
cidades é bom ver que o paradigma está a mudar e que a procura pelo interior está
a aumentar dia após dia.
Foi quando me desloquei para Lisboa para entrar na
Universidade que comecei a valorizar ainda mais a forma de viver no interior e
tive a necessidade de me adaptar a um ambiente totalmente oposto ao que estava
habituado, onde a paz e o sossego desapareceram, onde o sólido sentido de
comunidade em que há um grande espírito de entreajuda deixou de existir. Senti
que a minha qualidade de vida baixou e muito, sempre estive habituado à
liberdade que o campo me proporcionava através de desportos de natureza como o
BTT e o Trail Running, e de repente vi-me obrigado a correr no meio da cidade
sem ter a liberdade que antes tinha e sem ter o privilégio de desfrutar de
paisagens únicas como até aqui desfrutava. Mas a pandemia trouxe-me de novo uma
vida no interior, onde me senti muito mais seguro e me senti bastante
privilegiado de poder estar num lugar sossegado com uma qualidade de vida muito
superior, junto da minha família e ao mesmo tempo continuar a estudar e
realizar tudo o que antes realizava, mas agora de forma remota. Como eu existiu
milhares de pessoas no país inteiro.
A pandemia veio dar aquele empurrão que faltava para que a
população a viver no interior aumentasse, devido à possibilidade de
teletrabalho, que para muitos vai permanecer derivado à natureza das suas
profissões, aos incentivos que alguns municípios dão para que a população se
fixe e também devido aos incentivos que são dados para que se crie postos de
trabalho, são exemplos de um bom começo para que o interior não fique
despovoado e comece a ganhar uma nova vida.
São muitas as vantagens de viver no interior, desde do
ambiente sossegado e pacato, um custo de vida mais baixo, um sentido de
comunidade único, maior segurança e uma maior qualidade de vida, mas como tudo,
também tem as suas desvantagens, como menos ofertas de emprego, ausência ou
reduzida frequência de transportes, menor oferta cultural. No entanto, é cada
vez mais notório o trabalho realizado em diversos concelhos do interior para
contrariar estas desvantagens e melhorar qualidade de vida de quem habita e de
quem pretende habitar estas regiões.
Foi também, devido à pandemia, que o turismo do interior
teve uma maior procura e um maior crescimento, porque permite fugir dos grandes
centros urbanos e evitar grandes aglomerações proporcionando um ambiente mais
seguro e ao mesmo tempo uma experiência única de contacto com a natureza. E mais
uma vez esta procura pelo turismo no interior fez com que muitas famílias
acabassem por se fixar após terem visitado certas regiões e consequentemente
levou à criação de novos postos de trabalho e a um maior desenvolvimento destes
territórios.
Concluindo, "interioridade é sinónimo de qualidade".
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