terça-feira, 15 de junho de 2021

Quem sou eu

Qual é o meu propósito na vida? É uma pergunta que me questiono várias vezes e que mais 7 biliões questionam também no seu dia a dia. Penso que faz parte da natureza humana querer ter um objetivo, um rumo por onde navegar, ter algo em que acreditar e que dê esperança. Mas o problema que se se impõe na maior parte das situações, é não ser aparente qual a nossa missão na vida, pois a meu ver antes de saber esta resposta, devemos saber quem somos primeiro.

Segundo Daniel Gagliardo nós somos não o nosso corpo, mas a nossa alma, que provém de um espirito que viaja pelo cosmos, que a certa altura tem a vontade de encarnar numa vida na terra. Somos compostos por um corpo físico, um corpo emocional e um corpo mental, e são estes três campos que formam uma encarnação. A alma controla o corpo através do ego, que é a extensão da alma utilizada para interagir com o mundo físico. Faz todo o sentido pois se pensarmos no assunto nós conseguimos interagir com o mundo físico apenas através de 5 sentidos e como sujeitos somos muito mais que isso. No fim de cada vida, o corpo e a alma dissolvem-se, e passado o tempo que for preciso o espirito volta a encarnar e assim sucessivamente. O facto de existirem sujeitos que nascem com um talento natural para isto e aquilo, mostra que o mais provável é já terem tido experiencia com essa área numa vida anterior.

E assim cada alma encarna com uma missão a cumprir, por vezes kármica ou seja, em busca de equilibrar as energias perante acontecimentos de vidas passadas, seja recebendo os frutos provenientes de ações altruístas ou pagar por ações menos corretas, sendo que a vida se encarrega de manter esse equilíbrio. Acontece até no seguimento disto que, as almas quando encarnam, escolhem a família em que vão nascer, isto por apresentarem determinadas características perfeitas para melhor realizarem os seus objetivos, por vezes vindo até em prol de auxiliar a família por exemplo.

Tendo em conta este raciocínio, torna-se plausível que um acontecimento trágico nas nossas vidas tenha acontecido por termos em vidas passadas realizado algo de igual gravidade e esta é uma questão que me intrigou particularmente. É difícil pensar e aceitar que numa vida passada fossemos capazes de realizar certas ações, tendo em conta que na vida presente seria contra os nossos valores e princípios e custa-nos a acreditar que tenhamos feito algo de uma tal natureza. Daí eu pergunto-me, se apesar de partirem todas do mesmo espirito, mas sendo consciências diferentes, todas as nossas vidas são ramificações da mesma árvore, ou acabam por ser árvores distintas? Se é que me faço entender. Porque se não conseguimos controlar o que fizemos em vidas passadas e não tendo as mesmas crenças e práticas que nessas vidas, seria justo “pagarmos” por atos que não praticámos?

A verdade é que este pensamento não é o correto. De um perspetiva espiritualista, não faz sentido falar de culpa, pois não somos culpados mas responsáveis pelos nossos atos. Se virmos a vida de uma perspetiva ampla, percebemos que já existíamos antes e que cometemos erros e acertos a toda a hora e que esses geram resultados - “Nós não pagamos pelos nossos erros do passado – não se trata de pagamento porque não se trata de dívida. Mas todos os nossos atos geram consequências.” - Morel Felipe Wilkon. A vida é aprendizagem, e aprende-se seja pelo o amor, seja pela dor. E por isso é necessário por vezes aprender certas lições de formas não tão agradáveis. Por exemplo um sujeito que não valorize pessoas próximas, vê-se reencarnado numa vida em que se vê dependente dos outros, por exemplo gerindo uma empresa onde necessita de coordenar e contar com outros para realizarem o seu trabalho, ou outro exemplo não conseguindo ser autossuficiente e necessitar de ajuda. Mas sendo assim, como é que vou perceber o que é que tenho de melhorar nesta vida face as anteriores se não recordo as vidas passadas? Como saber qual o meu propósito nesta vida e porquê? Se pensarmos bem, desde sempre que tomamos determinadas decisões e temos determinados comportamentos, tudo influenciado por fatores exteriores a nós, como por exemplo a astrologia, e como por exemplo a nossa infância. Portanto, nós somos de facto regidos por coisas de que não nos lembramos, e não é por isso que deixam de lá estar . É que nem de tudo o que fizemos no ano passado nos lembramos e no entanto afeta-nos a toda hora! Aprendemos com essas experiências. E o mesmo acontece com as vidas passadas. Apesar de não recordarmos os acontecimentos, o conteúdo desses conhecimentos continua em nós, e isso está tudo armazenado em nós, que somos um ser único imortal. Geralmente as pessoas não percebem este conceito pois pensam, eu sou a Maria não tenho de pagar pelos erros de uma Joana que fui noutra vida. Mas a pessoa não foi a Maria ou foi a Joana mas sim esteve a ser Maria e esteve a ser Joana. Este raciocínio fez bastante sentido pra mim.

Eu pessoalmente considero ainda ser muito nova para saber a 100% (se é que alguma vez se sabe a 100%) mas neste momento eu sei o que quero para mim e o que quero trazer ao mundo. Sei que nasci para trazer conforto e entretenimento as pessoas, através da minha arte, e o meu maior sonho é poder fazer parte de projetos que provoquem emoções e que toquem quem os encontra. É esse o meu principal objetivo, porque sei que é para isso que nasci. Não sou boa a conduzir, não sou boa a matemática, sou muito distraída e desastrada, mas, sei que tenho qualidades e capacidades que me permitem fazer o bem, e não fico frustrada por não ser boa em tudo, tenho consciência das minhas limitações e dos meus pontos fortes e através disso dou o meu melhor em focar-me no positivo e não no negativo. Penso que as pessoas se prendem demasiado a coisas que não interessam e que lhes prestam demasiada atenção, quando deveriam investir a sua energia naquilo que as faz feliz e no que só elas podem trazer ao mundo.

Neste seguimento, toda a minha vida sempre fui muito forçada a fazer o que os outros queriam que eu fizesse, predominantemente por parte dos meus pais, em particular o meu pai que me deu sempre pouca liberdade para atuar pelos meus desejos. E ao longo da minha vida têm vindo a passar sujeitos da mesma natureza, como o meu irmão mais velho, amigos, professores e etc. Tenho assim vindo a perceber que uma das aprendizagens principais que tenho de realizar nesta vida é perceber como agir face a essas situações e conseguir ser independente e ter a minha própria voz enfrentado figuras de autoridade em vez de me

rebaixar. Para além disto, A minha mãe sempre teve problemas de autoestima e ansiedade e de ver a vida muito negativamente, e eu sei que tenho sido um pilar na vida dela para lhe tentar mostrar as felicidades que a vida já lhe trouxe e etc e por isso penso que talvez tenha nascido filha dela também por esse propósito. Quanto ao meu pai talvez ele tivesse de perceber que nem tudo está ao controle dele e que tem de me deixar fazer as minhas escolhas, mesmo que lhe custe não ter o controle de tudo. No entanto vou de certeza descobrir mais desafios ao longo da minha vida, e espero-os com as mangas arregaçadas. Impressiona-me o mundo de conhecimento, emoções, pensamentos que estão presentes em cada pessoa. Temos muito a aprender com tanta gente e é triste que por vezes nos encontremos num mar de estranhos e pensar que nunca mais veremos nenhumas daquelas caras e o quanto podíamos aprender. O ser humano é realmente uma obra de arte, com os seus defeitos claro, mas afinal a beleza está na aprendizagem e evolução, e no facto de cada um ser especial e poder trazer algo ao mundo. Apesar de toda a maldade no mundo tenho muita fé na humanidade, e se poder melhorar a vida de alguém, fico contente por isso.

Assim para concluir, para mim o nosso propósito na vida tem que ver com as aprendizagens que temos a fazer naquele momento da nossa viagem eterna, aprendizagens essas que só descobrimos estando atentos e escutando o nosso eu interior, percebendo que somos parte do universo, que temos um papel a realizar que só nós podemos realizar, e que nada acontece por acaso, e daí para a frente, é viver a vida da maneira que acharmos melhor.

“You are not a drop in the ocean. You are the entire ocean in a drop.”- Rumi.

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