terça-feira, 15 de junho de 2021

O sucesso dos super-heróis

O texto a seguir é uma reflexão baseada em diferentes pontos de vista compartilhados em um diálogo cotidiano.

Em meio a uma conversa entre amigos surgiu o seguinte questionamento: Por que o universo dos super-heróis é tão bem sucedido? Sabemos que a temática heróis é abordada em diversos formatos e, independente de como a consumimos, está sempre presente na cena da arte e afins, mas por que? O que faz com que esse tema em específico esteja constantemente em alta? Por que nos sentimos tão atraídos por consumir esse nicho de conteúdo?

O primeiro ponto que tocamos foi o da idealização de algo que não podemos ter ou ser. A idealização não só dos superpoderes em si mas da representação do protagonista como um ser humano (ou uma figura semelhante a um humano) ¨melhor¨, ou seja, com capacidades além das que nos são atribuídas enquanto seres humanos, e assim ironicamente afastando-se da própria condição humana que nos aproxima dessas figuras. É a ambição e desejo do homem de ter e ser mais, sempre.

Junto dessa idealização vem a identificação. A identificação de si em um personagem é comum em qualquer tipo de conteúdo, e nesse caso o peso é grande por conta da tal idealização, ou seja, as pessoas querem se identificar com aquele personagem por ele ser um super-herói e ao nos identificarmos com qualquer característica que seja nos aproximamos dos seus superpoderes. Com isso, entra o narcisismo do ser humano, se enxergando naquele personagem e vendo-o (e a si) como ¨O salvador¨, ¨O único¨, ¨O herói¨.

No entanto, o ponto que mais me chamou atenção foi a relação com as mitologias e religiões que existem há séculos. Como essa martirização de uma figura sempre existiu e o que chama tanta atenção para esse universo de super heróis é justamente a quebra na perfeição delas, similar ao que acontecia nas mitologias gregas e nórdicas, por exemplo, que tinham os deuses como seres falhos apesar de suas características ¨superiores¨ e heroicas, e ao contrário da religião católica, por exemplo, que tem a figura divina como absolutamente perfeita e livre de qualquer fragilidade, a vulnerabilidade de cada herói e principalmente os momentos de falha em que os mesmos mostram-se imperfeitos seriam, nesse raciocínio, a chave para a aproximação do público para com esses personagens. No cinema em geral a vulnerabilidade é algo que aproxima muito o telespectador dos personagens e com isso da obra em si, mas a força disso em um cenário onde o personagem é tido como um deus (figurativamente e por vezes literalmente) é infinitamente maior e fascina o público, permitindo que as pessoas se assemelhem com os heróis pelos problemas e falhas deles, assim voltando a identificação e idealização apontados anteriormente.

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