Nos dias que correm, é difícil encontrar alguém que não possua um telemóvel ou um computador pessoal. Quer isto dizer que somos criaturas dependentes da tecnologia? Que necessitamos do apoio de aparelhos exteriores a nós para viver as nossas vidas com um sentido de normalidade? A meu ver, não se trata de precisar, ou não, de estar constantemente com a cara em frente a um ecrã, suscetíveis a estímulos que nos entretêm. De um determinado ponto de vista, no qual a continuidade to tempo e a sua existência como um todo é aceite, tudo o que o ser humano descobriu ou irá descobrir já existia previamente, incluindo a tecnologia.
O que teria acontecido caso determinadas descobertas tivessem sido feitas 200 anos antes? Estaríamos agora numa fase mais avançada do descobrimento a níveis tecnológicos? Possivelmente, estaríamos até na mesma fase em que nos encontramos neste momento. Desde a sua descoberta, as primeiras formas de media tecnológicos estimularam a sua própria evolução, numa constante análise comparativa com as suas versões posteriores. Quando foi construída a primeira televisão, a necessidade de alcançar a imagem a cores levou a que outra forma de transmitir imagens fosse procurada, um modelo de televisão que ao pé do primeiro fosse considerado superior. Mas quem impulsionou esta procura? Não foi de certeza o modelo de televisão em si que desejava ser superior, mas sim os seus criadores. Como tal, podemos afirmar que os seres humanos são responsáveis pela constante evolução da tecnologia, que sempre foi possível, mas que necessitava de algo que a impulsionasse.
Assumindo agora a perspetiva dos seres humanos na sua interação com a tecnologia ao longo do passado, qual a principal razão para a procura do desenvolvimento destes meios? Os primeiros sinais destas formas de transmissão de informação proporcionaram-nos novos meios de comunicação, a hipótese de transmitir uma mensagem de um lado ao outro do planeta em segundos e armazenamento de informação como nunca antes visto. E esta incessante procura por novas formas de inovar o que já foi descoberto ou de descobrir algo novo não parou, e pode-se até dizer que não irá parar durante muito tempo, ou até mesmo nunca.
O motivo para tal se dar é, talvez, o ciclo que se dá no desenvolvimento e descoberta. Quando o que possuímos está obsoleto, procuramos fazer um upgrade, melhorar o que está diante de nós, analisando as suas características e pensando o que poderia ser acrescentado. Ao alcançar essa versão melhorada, a nossa perspetiva é alterada, pois o que é novo passará a ser o habitual e uma nova versão, em comparação com esta, será especulada e futuramente, criada.
De um modo geral a tecnologia permitiu, desde a sua criação, uma evolução das sociedades que dela usufruem. Mas essa evolução dá-se através da evolução da tecnologia em si, que não será possível sem que os humanos se adaptem ao que já foi criado. Entramos então num ciclo: algo novo é criado, o homem habitua-se, idealiza um upgrade, ao realizar o upgrade, melhora determinados aspetos da sua vida, e habitua-se novamente ao que foi criado. Como a tecnologia depende do homem para ser descoberta e desenvolvida, mas o homem necessita desta descoberta e evolução para a poder melhorar, habituar-se a ela e idealizar novas vertentes podemos, metaforicamente, dizer que o homem tem uma relação de simbiose com a tecnologia.
Isto é, ambos dependem um do outro para desenvolverem determinadas características em si.
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