terça-feira, 15 de junho de 2021

Efeitos do isolamento durante o período de pandemia

 

    Quando o isolamento começou não estava à espera que acabasse por sofrer tantas consequências psicológicas de estar tanto tempo sozinho. Foi um ano muito complicado a nível emocional, que me fez abrir os olhos para uma noção de insignificância enquanto ser humano no mundo e de desprezo e falta de importância na vida dos outros.

    Quando a pandemia chegou a Portugal ainda estava a meio do décimo segundo ano e a escola acabou por mandar os alunos todos para casa para entrar no regime online, as atividades foram todas canceladas e a viagem de finalistas que toda a turma ansiava à 3 anos tinha sido cancelada. Mal sabia eu que o isolamento estava só a começar. O ano terminou e ainda tentei ter um verão minimamente normal, mas com o governo a impor novas regras e com as notícias dos danos e propagação do vírus acabou por se tornar uma atitude irresponsável reunir-me com os meus amigos que já não via a uns meses. 

    Para mim a situação agravou-se no início da faculdade, entrei para a Faculdade de Belas Artes sem conhecer praticamente ninguém. Chegou a haver um período de aulas presenciais onde acabei por conhecer alguns colegas da turma uma vez que íamos todos almoçar ao refeitório e acabávamos por ter algum tempo para conversar. O problema surgiu quando o número de casos aumentou e a faculdade passou para regime online, e devido a este distanciamento físico sentia que o contacto com os colegas diminuía e que não tinha tido tempo para formar qualquer tipo de relação com o resto da turma.

    Cheguei a um ponto em que os meus amigos do secundário começavam a desaparecer, e achei curioso que só aqui é que realmente percebi que os verdadeiros amigos que continuavam a falar comigo eram uma minoria mas mesmo com tantos obstáculos como por exemplo uma mudança de ambiente e uma pandemia continuavam a lembrar-se de mim. Esta filtração acabou por me afetar um pouco porque não tinha compensado com amizades na faculdade até então. Sentia-me que tinha ficado perdido no meio da ponte de transição sozinho.

    Por outro lado, o isolamento ajudou-me a organizar na minha cabeça a minha lista de prioridades e filtrar o que não me interessava. Foquei-me nas pessoas que estiveram presentes quando os outros desapareceram e deixou-me muito feliz aperceber-me da presença desse grupo de meia dúzia de amigos valia mais do que aqueles com quem passava tanto tempo no passado e na verdade não tinham o mínimo impacto na minha vida. 

    Concluo acrescentando que finalmente voltei a estar com colegas da turma da faculdade e que sinto que têm tido um impacto muito positivo no meu bem-estar e que sei que sempre que estou com eles posso contar com um ambiente muito divertido. Estou com esperança que o próximo ano já consiga voltar a normalidade porque me apercebi que não lido nada bem com a solidão e sinto-me bem no ambiente da faculdade rodeado por toda aquela boa disposição.


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