Pesa muito sobre as nossas costas a vida vivida?
Será que o idoso que se cruza connosco de olhos postos no chão arrasta o peso do passado?
Neste caso, as costas curvadas serão muito mais o regresso à terra do ser que um dia nasceu.
Não há uma lei que determine qual é o peso do passado, no presente de cada individuo. Isto porque, nem todos os passados são iguais e nem todos os indivíduos trazem com eles a vida que ficou para trás.
Há passados insípidos que na sua aparência não deveriam deixar marcas pesadas na bagagem de certas vidas. Por outro lado, há passados intensos, que apenas acrescentam valor ao presente de cada um de nós.
Uns e outros coexistem, por vezes, na mesma pessoa. Será isto a chamada experiência da vida?
E essa experiência resulta do onde, quando e porquê nascemos?
É costume dizer-se que os velhos trazem a sabedoria do mundo.
Não há certezas sobre isso, porque as sociedades patriarcais representam muitas vezes, formas retrógradas de organização social.
Ser velho, não pode ser um horizonte fechado com o desconhecimento das mensagens dos que chegam agora.
Todos nós trazemos nos vários períodos das nossas vidas, a bagagem da vida, sendo que ela não será sempre um capital a utilizar no futuro.
No entanto, o sofrimento, as dores, a ilusão de um mundo virtual podem constituir a solução dos erros que não se repetem. Claro, que se repetem.
Há teses de psicólogos que defendem que os chamados traumas de infância são apenas uma justificação para a incapacidade de enfrentar os problemas do presente.
Contudo, prefiro acreditar que somos uma estratificação dos atos e acontecimentos do dia a dia.
O passado não existe se for apenas um espaço e um tempo parado como um pântano. O passado deve recusar o saudosismo lacrimejante e olhar para o presente e para futuro.
Esta minha reflexão é essencialmente o levantar de questões que estou muito longe de saber responder.
Talvez um dia, quando a bagagem da minha vida me pesar sobre os ombros.
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