Sempre pensei em mim como alguém com gostos diferentes dos que me rodeiam. Sempre pensei que tive a sorte de nascer assim, o oposto de alguém que eu acharia convencional. E sempre pensei em como eu sou diferente das pessoas, que já são diferentes umas das outras só por existir, seja em traços físicos ou psicológicos.
Mas houve sempre uma questão que nunca saiu da minha cabeça até hoje. Eu “nasci” assim ou sou mais um produto de alienação?
Ou seja, quando eu penso neste assunto eu refiro-me ao facto de me perguntar frequentemente se eu sigo mesmo os meus próprios gostos e se sou o que ambiciono ser (se tenho livre arbítrio), ou se apenas sigo o que a “categoria” a que eu quero pertencer me dita. Então, os meus gostos seriam sempre, subconscientemente, moldados pelo que essa categoria me dá a consumir.
Gostava de acreditar que todas as minhas ações são conduzidas pelo meu livre arbítrio e não pelo que me foi dado a consumir ao longo dos anos, sendo que os meus gostos são partilhados em minoria, embora a maioria dos seres humanos tenham igual acesso ao que me foi apresentado.
A minha mente acredita que ter um “bom gosto”, por exemplo, musical inclui ter um vasto conhecimento de géneros músicais, ter gosto em ouvir música bastante diversificada,que não seja apenas mais uma obra do consumismo, por exemplo, música de Youtubers famosos, como forma de ganhar ainda mais dinheiro, sem apresentarem qualquer tipo de qualidade ou mero esforço.
O facto de eu ouvir e apoiar artistas menos conhecidos e com uma qualidade musical extraordinariamente meritória faz-me acreditar, sim, que tenho gostos destacáveis dos demais.
A verdade é que até agora ainda não arranjei a resposta para nenhuma das questões colocadas anteriormente. Talvez seja formada por gostos pessoais, o que eu aprendi vivendo nesta sociedade e a minha luta para a contrariar.
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